Grupo de Estudos e Pesquisas Bio-Grafia Nietzsche
  • Grupo Bio-Grafia Nietzsche

    Publicado em 01/12/2014 às 20:10

    Nietzsche parece ser um caminho, um desvio talvez, que, por meio de um trabalho subterrâneo, escavou desde os gregos outras ideias de formação que não receberam toda a luz e ar, quase sucumbiram, mas ainda são capazes de anunciar novas auroras”.

    Essa frase da Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Bio-Grafia Nietzsche, Lúcia Schneider Hardt, traduz perspicazmente alguns propósitos que o orientam: reconhecer a contribuição de Nietzsche à Educação; investigar, servindo-se de provocações e suspeita, as frequentes performances de orientação formativa (às vezes esquecidas) que nunca findam; discutir o conceito de Formação (Bildung) em Nietzsche, considerando a dimensão da tragédia, da estética e da experiência; observar sua filosofia, seus principais conceitos e figurações, além de nuances, estilos e estéticas, a fim de propor estudos sobre a contribuição de Nietzsche à Educação. Ao refletir acerca dos valores que perpassam a figuração “espírito livre” e o conceito formação humana, intenta-se inserir a genealogia como conteúdo e método na Filosofia da Educação. Como orientação geral, propõe-se a promover interfaces entre Filosofia e Literatura, Filosofia e Linguagem.

    A palavra Bio-Grafia não significa aqui uma prioridade a investigações da vida biográfica ou autobiográfica de Nietzsche; muito pelo contrário, a relevância maior é atribuída à genealogia e autogenealogia. O nome do grupo surgiu em 2012, quando dois de seus fundadores, Vilmar Martins e Danilo Botelho, após o grupo Nietzsche ter se consolidado como uma das frentes do GRAFIA (Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação e Arte), ao sentirem a necessidade de um nome para identificá-lo ou personalizá-lo, lembraram-se, em uma conversa pelos corredores, de uma passagem reproduzida abaixo:

    “(…) no livro Nietzsche X Kant, Oswaldo Giacoia Jr., ao tratar do torna-te quem tu és de Píndaro – retomado por Nietzsche –, afirma que esta é uma ‘tarefa prometeica’ de assunção de uma ‘identidade pessoal’, que só pode se dar ao ‘final de um percurso’ e ser conquistada apenas ‘na trajetória da bio-grafia, na linha traçada por nossas escolhas e feitos, compondo a unidade de um estilo'”.

    Dessa forma, abrindo espaço a margens de atuação interpretativas, esquivando-se da univocidade semântica e visando tresvalorar padrões e valores convencionalmente naturalizados no campo formativo, o Bio-Grafia se distancia de uma preocupação em “desvendar” a intenção primeira do autor Nietzsche(como se houvesse uma “verdade escondida” em seus escritos), em direção a uma aproximação não apenas do que Nietzsche pensou ou do que podemos pensar sobre Nietzsche, mas sobretudo daquilo que com ele, contra ele, a partir dele ou através dele – conforme Jorge Larrosa – podemos (ser capazes ainda de) pensar.