A figura do mestre em Nietzsche
Nietzsche é um educador, cúmplice de uma aposta em uma humanidade por vir. Experimentou inúmeras tentativas para ensinar desejando que os humanos testassem crenças e convicções o que não é o mesmo que abandonar a tradição. Pelo contrário insistentemente seus escritos nos remetem para os antigos, destaca o que não recebeu todas as luzes de uma suposta avaliação filosófica e coloca em tensionamento as muitas perspectivas que fecundaram a tradição.
O mestre talvez possa, como diz Steiner ( 2005, pg. 222), “despertar em outro ser humano poderes e sonhos que vão além dos seus próprios, fazer do seu presente o futuro dos discípulos”. Uma humanidade por vir, que contém uma perspectiva ética, maior que a moral da obediência. O mestre quer orientar, mas será preciso adivinhar sua orientação que implica caminhos tortuosos, difíceis, por vezes até compreender como o mestre torna-se por vezes inimigo de si próprio quando afirma a vida. A vontade está na vida, inclusive a vontade de inovação, que jamais é planejada antecipadamente, ela mesmo é vontade de potência.
- Refletir as diferentes figuras de mestre em Nietzsche para pensar as conexões entre mestre e discípulo;
- Discutir as pesquisas em andamento do grupo de estudos Bio-grafia para pensar a dimensão pedagógica em Nietzsche;
- Refletir sobre a pedagogia que nos falta para inspirar-se em Nietzsche como um mestre.
Levando em consideração as variações da noção de Züchtung( cultivo) nas obras publicadas a partir de 1888 podemos afirmar que em alguma medida mais do que uma preocupação com uma cultura superior, Nietzsche preocupa-se com a elevação do indivíduo e por isso com a ideia do cultivo de si. Tal realidade certamente também altera a tarefa do mestre. Afinal sempre é preciso perguntar: Afinal o que o mestre deseja cultivar em nós? Sabemos identificar o mestre que dirige-se ao intelecto, à imaginação do discípulo ? Como identificar os mestres vampiros? O mestre tem consciência do mistério de sua tarefa?
Podemos até arriscar que Nietzsche está afirmando que o destino da cultura não está mais nas mãos do Estado e/ou em mãos institucionalizadas que antecipadamente decidem sobe quais cultivos devem orientar os humanos. Steiner (2005, pg 12) também nos alerta: “ o território da alma tem sempre seus vampiros”. Cabe sempre dizer que não se trata de criar um ambiente de terra devastada fazendo uma apologia à destruição do já existente. Contudo nosso filósofo na sua maturidade enxerga uma novidade no entre-lugar, ou seja naquilo sempre já nos orienta e na possibilidade de produzir em nós mesmos outra orientação .
29/08/2018 – das 08h30 às 12h __________________________________________________________________________________
1º momento: Debate sobre o livro “Filosofar, hoje, na pesquisa e no ensino superior”
2º momento: Apresentação dos textos de qualificação de Mestrado: Fábio e Leonardo
18/10/2018 – SEPEX das 14h00 às 18h00 ___________________________________________________________________________
Título do Minicurso: O perspectivismo de Nietzsche e o embate com a verdade
Local: Sala 631 PPGE/CED
Inscrições: http://sg.sepex.ufsc.br/
24/10/2018 – das 08h30 às 12h __________________________________________________________________________________
Filosofia, Nietzsche, Genealogia, Transvaloração e Sociedade: Os 130 anos de “Para a Genealogia da Moral”
05/12/2018 – das 08h30 às 12h __________________________________________________________________________________
Nietzsche, perspectivismo e democracia – um espírito livre em guerra contra o dogmatismo. Leitura e debate do terceiro capítulo do livro: Nietzsche, perspectivismo e democracia de Fernando Costa Mattos.
CONSTÂNCIO, João. O que somos livres para fazer? Reflexão sobre o problema da subjetividade em Nietzsche. IN: Marton, S.;Branco, M.J.M; Constâncio, J. Sujeito décadence e arte – Nietzsche e a modernidade. Tinta da China. Lisboa/Rio de Janeiro. 2014.
CRAGNOLINI, M. Filosofia nietzschiana da tensão a resistência do pensar. Cadernos Nietzsche, n. 28, 2011.
DUTRA, Jorge da Cunha & GOTO, Roberto (org.). O filosofar, hoje, na pesquisa e no ensino de filosofia. Coleção Maiêutica Filosófica, V2. Blumenau: IFC, 2018.
HARDT, Lúcia S. A educação em Nietzsche e o enfrentamento das totalidades. Educação (Porto Alegre, impresso), v. 36, n. 3, p. 344-351, set./dez. 2013.
_____________ O sentido da hesitação no contexto da Pós-verdade. Revista Observatório, Palmas, v. 4, n. 1, p. 70-88, jan-mar. 2018.
MATTOS, Fernando Costa. Nietzsche, perspectivismo e democracia: um espírito em guerra contra o dogmatismo. São Paulo: Saraiva, 2013.
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